Passo a ser outro e me assisto desinteressadamente. Talvez nem sempre tenha sido assim, mas não tenho certeza.
Talvez nunca tenha tido certeza sobre coisa alguma...
Quem pensa que se é, as vezes acerta.
No mínimo fica bonito. Aos olhos dos outros é claro.
O que é bonito para dentro é sempre meio estranho, indefinível e variável.
É estranho quando a gente percebe que cada pessoa, cada uma que vive nesse mundo, tem um lado de dentro só dela.
E nesse lado de dentro pode-se morrer de tristeza ou alegria, sem que ninguém saiba.
E pode haver idéias absurdas, mundos imaginários, saudades irreais, poesia e perfídia são as vezes, ao mesmo tempo, lados de um mesmo lado de dentro.
Ser ou não ser pode muito bem não ser uma questão se se ser e não se ser não forem tão antônimos assim.
O cansaço por seu lado pode ser tomado como um ensaio medíocre para a morte. Um ensaio medíocre para maus alunos e é bom, muito bom, que seja assim.
Porque o importante não é o ser nem o não ser. O importante é a questão.
O ser e o não ser se encontram em vários lugares, principalmente ao se assistir tevê e ao deixar-se ficar onde se está.
Já eu não me encontro em lugar nenhum, mas dizem que em Olinda, duarante o carnaval, acontecem coisas fantásticas.
Mas, mesmo cansado, mesmo sendo outro, mesmo desinteressadamente eu continuoa me procurar, porque o importante não é encontrar, nem morrer, nem ser, nem a questão, nem mesmo buscar é importante.
O importante é fazer por onde!